quarta-feira, 13 de junho de 2012

As Cruzadas





O papa Urbano II queria reerguer a unidade católica no oriente, que decaiu com a Cisma do Oriente (1054)
Muitos acreditavam que seguindo as cruzadas, alcançariam a salvação.
Naquela época não havia parque de diversão, então, para fugir do cotidiano das grandes cidades, eles partiam para as Cruzadas
Claro, interesses comerciais nas ricas terras do oriente.
Como hoje, o papa e outras “santidades”, como Pedro o Eremita, tinham grandes poderes de influenciar o povo. Eles reuniram grandes multidões, de maioria pobre e miserável, para organizar uma Cruzada, chamada de Cruzada Popular. Conseguiram chegar em Constantinopla, mas com poucos recursos, cansados. Quem não gostou disso foi o imperador bizantino Aleixo Commeno, que incentivou os cruzados à atacar os infiéis, resultado: uma tremenda carnificina, quase todos os cruzados morreram. Depois disso, a cruzada ficou conhecida como Cruzada dos Mendigos.
Outra cruzada, desta vez formada por senhores feudais, condes, duques, etc, partiu para a Terra Santa, com o apoio dos Bizantinos. Com todo o poderio econômico e militar unidos, foi fácil conquistar Jerusalém, em 1099. Essa conquista custou milhares de vidas de judeus e muçulmanos. Nas terras conquistadas foram criadas o Reino de Jerusalém, Condado de Edessa, Condado de Trípoli e Principado de Antioquia . Mas logo essas terras ficaram precárias, em razão das constantes batalhas travadas por muçulmanos e os nativos contra os cristãos. Para tentar se manter nas regiões conquistadas, os cristãos criaram duas ordens: os Templários e os Hospitalários:
Templários: formar um exército para controlar os novos domínios, para isso, deveriam construir fortalezas, fossos, muros, etc. Também se juntou à ordem uma milícia de monges cavaleiros.
Hospitalários: como o nome já diz, criaram estabelecimentos para acolher os peregrinos mais pobres, construíram hospitais. Um tempo depois, formaram um exército para defender o Santo Sepulcro.
Em vista das seguidas derrotas dos cristãos na Terra Santa, foi organizada mais uma cruzada (Segunda Cruzada): Luís VII e Conrado III (França e Alemanha) foram os líderes. Foi apenas mais uma derrota.
A retomada de Jerusalém

No ano de 1187, tropas de muçulmanos comandados por Saladino rumaram para Jerusalém, e a reconquistaram facilmente. Saladino foi gentil com os cristãos, evitou o massacre de milhares de pessoas.
Em 1189 foi organizada a Terceira Cruzada, comandada pelo rei da Inglaterra Ricardo Coração de Leão, o rei da França Filipi Augusto, e o imperador alemão Frederico Barba-Ruiva (Barba-Roxa). Esta Cruzada começou dando certo, mas logo os problemas chegaram. Frederico se afogou num rio na Síria, Filipe Augusto tomou o Acre e voltou pra França. Ricardo Coração de Leão ganhou de Saladino duas vezes, mas não conseguiu tomar Jerusalém. Então, Saladino e Ricardo fizeram um acordo, que permitia a entrada de cristãos para fazerem suas peregrinações na Terra Santa. Ricardo voltou logo pra Inglaterra, pois seu irmão estava tentando derrubá-lo e tomar o poder. Foi preso no caminho, na Áustria, e sua mãe teve de pagar o resgate. Retomou o poder, mas em 1199 foi morto quando combatia um vassalo insubmisso.
A Quarta Cruzada (1202-1204) teve seu rumo desviado pelas influências dos comerciantes venezianos, foram para Constantinopla, que foi tomada e saqueada. Algumas partes da cidade ficaram sob domínio cristão até 1261.
A Cruzada das Crianças foi outro fracasso, no ano de 1212. Os cristãos acreditavam que as crianças de alma pura poderiam reaver o Santo Sepulcro. Eram milhares delas. A maioria morreu de fome, frio, ou foram sequestradas para serem vendidas como escravas.
Outro fracasso foi a Quinta Cruzada (1217-1221), comandada por André II, rei da Hungria, e Leopoldo VI, duque da Áustria.
Entre 1228 e 1229 aconteceu a sexta cruzada, liderada por Frederico II, imperador alemão. Desta vez usaram a diplomacia para consequir o que queriam: os turcos entregaram as cidades de Jerusalém, Nazaré e Belém. Mas elas logo foram retomadas pelos muçulmanos.
A sétima cruzada (1248-1254) e a oitava cruzada foram comandadas por Luís IX, rei da França, que de tanta piedade que teve dos muçulmanos acabou virando santo, conhecido hoje por São Luís. Na sétima cruzada, Luís foi derrotado, acabou preso e seus compatriotas tiveram de pagar uma pesada fiança para livrá-lo. Na oitava cruzada, Luís atacou a cidade de Túnis, no norte da África, mas morreu lá em razão de uma forte dor de barriga.
Resultados
Entre os resultados que as cruzadas tiveram, podemos citar:
- Aumento do comércio ocidente-oriente.
- A burgueria européia ficou mais rica, às custas dos nobres e cavaleiros que foram às cruzadas.
- Com tanto movimento de pessoas, as cidades e o comércio entre elas se desenvolveram.
- Alguns dos costumes orientais foram incorporados ao ocidente.
- Produtos novos orientais foram trazidos para a europa, como Arroz, Canela, pimenta, cravo, açúcar, algodão, café e perfumes.
- A intolerância aos judeus na europa cresceu, havendo muitos massacres.

O escravismo colonial






A escravidão existia na África muito antes da chegada dos europeus, sancionada pelas leis e pelos costumes das várias regiões desse continente. O sofrimento, imposto pelo tráfico negreiro, começava em terras africanas, antes mesmo de os cativos serem embarcados nos navios negreiros.


No primeiro século da escravidão, os índios representaram a principal mão de obra nas atividades econômicas da América Portuguesa.


Gradativamente, foram sendo substituídos pelos africanos, que se tornaram, como disse um cronista da época, “as mãos e os pés” dos senhores. Entre o final do século XVI e as últimas décadas do século XIX, os escravos negros tornaram-se a mão de obra por excelência da América Portuguesa.


A economia agroexportadora necessitava, para sua realização, de grandes extensões de terra, especialmente de um só produto e mão de obra compulsória. A disponibilidade de terras na América Portuguesa poderia gerar, se houvesse a predominância do trabalho livre, o trabalho familiar, o minifúndio, estatutos incompatíveis com as necessidades de exportação agrícola da metrópole. Assim, o trabalho escravo completava o latifúndio e a monocultura, imprescindíveis para o sucesso da economia agroexportadora implantada na América Portuguesa.





A substituição do trabalho indígena pelo trabalho escravo africano pode ser explicada por uma série de fatores. A metrópole possuía o monopólio do tráfico negreiro, e os traficantes portugueses trataram de convencer os proprietários de terras que os negros eram melhores trabalhadores que os indígenas. A Igreja ajudou bastante nesse trabalho de convencimento, uma vez que condenava a escravidão indígena. Por isso, gradativamente, a mão de obra tornou-se preponderante nas atividades econômicas da América Portuguesa.


Os indígenas também continuaram trabalhando sob a vigilância e o comando dos jesuítas nas chamadas reduções, onde se exploravam as drogas do sertão – pimenta, cravos e outras especiarias – em especial na região norte da América Portuguesa. Foram também utilizados nas áreas de criação de gado e na exploração de terras minerais.

Reforma Protestante





A Reforma Protestante foi um movimento de caráter religioso que marcou a passagem do mundo medieval para o moderno. Entre um dos fatores de grande relevância que assinalaram esse período de transformações podemos destacar o novo contexto econômico do período. No ambiente das cidades, os comerciantes burgueses eram malvistos pela Igreja. Segundo os clérigos, a prática da usura (empréstimo de dinheiro a juro) feria o sagrado controle que Deus tinha sobre o tempo.

Além dos comerciantes, a própria crise econômica feudal também instigou a população a questionar os dogmas impostos pela Igreja. Os clérigos estavam muito mais próximos das questões materiais envolvendo o poder político e a posse de terras, do que preocupados com as mazelas sofridas pela população camponesa. Um dos mais claros reflexos dessa situação pôde ser notado com o relaxamento dos costumes que incitava padres, bispos e cardeais a não cumprirem seus votos religiosos.

Já no século XII apareceram os primeiros movimentos que questionavam as crenças e práticas do catolicismo. Entre outras manifestações, podemos destacar o papel exercido pelos cátaros, originários da região sul da França. Naquela região as distinções culturais históricas propiciaram a ascendência de uma fé cristã à parte dos ditames da Igreja Católica. Realizando uma leitura própria do texto, os cátaros tinham valores morais bastante rígidos que se contrastava com o comportamento dos líderes clericais.

No século posterior, vendo a grande presença do movimento religioso, o papa Inocêncio III ordenou a realização de uma cruzada que – entre 1209 e 1229 – aniquilou o movimento cátaro. Além disso, as acusações de feitiçaria eram bastante corriqueiras entre indivíduos considerados suspeitos ou infiéis. Já na Idade Média, a Igreja criou o Tribunal da Santa Inquisição que percorria diversas regiões da Europa, reprimindo aqueles que ameaçassem seu poderio religioso e ideológico.

Outros intelectuais, nos séculos XIV e XV, também indicavam como os valores absolutos da Igreja já não tinham a mesma força mediante as transformações históricas experimentadas. O inglês John Wycliffe (1330 – 138) redigiu alguns ensaios onde denunciava as ações corruptas da Igreja e defendia a salvação espiritual por meio da fé. Em certa medida, as teorias lançadas por esse pensador viriam a influenciar as obras de Martinho Lutero, no século XVI.

Jan Huss (1370 – 1415) foi um padre que se preocupou em traduzir o texto bíblico em outras línguas e denunciou o comportamento dos clérigos católicos. A pregação por ele empreendida, ao longo da Boêmia, motivou a violenta reação das autoridades do Sacro-Império Germânico que ordenaram sua morte pela fogueira. A morte de Huss deu origem a um movimento popular conhecido como hussismo. A grande maioria de seus integrantes eram camponeses pobres insatisfeitos com sua condição de vida.

O movimento renascentista também deu passos importantes no questionamento do papel exercido pela Igreja Católica. A teoria empirista de Francis Bacon; o heliocentrismo defendido por Nicolau Copérnico; e a física newtoniana descentralizou o monopólio intelectual da Igreja. O conhecimento gerado por esses e outros indivíduos lançava a idéia de que o homem não necessitava da chancela de uma instituição que o concedesse o direito de conhecer a Deus ou o mundo.

Dessa maneira, se formou todo um histórico de tentativas e fatos que antecederam a consolidação do movimento reformista. Mesmo sofrendo diferentes ofensivas ao longo do tempo, a Igreja ainda conservou um conjunto de práticas que complicavam a estabilidade do poder clerical. A venda de indulgências, a negociação de cargos eclesiásticos e a vida amoral ainda foram questões que incentivaram o aparecimento das novas religiões protestantes.

Revolução Industrial

A Revolução industrial foi um conjunto de mudanças que aconteceram na Europa nos séculos XVIII e XIX. A principal particularidade dessa revolução foi a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas.

Até o final do século XVIII a maioria da população européia vivia no campo e produzia o que consumia. De maneira artesanal o produtor dominava todo o processo produtivo.

Apesar de a produção ser predominantemente artesanal, países como a França e a Inglaterra, possuíam manufaturas. As manufaturas eram grandes oficinas onde diversos artesãos realizavam as tarefas manualmente, entretanto subordinados ao proprietário da manufatura.

A Inglaterra foi precursora na Revolução Industrial devido a diversos fatores, entre eles: possuir uma rica burguesia, o fato do país possuir a mais importante zona de livre comércio da Europa, o êxodo rural e a localização privilegiada junto ao mar o que facilitava a exploração dos mercados ultramarinos.

Como muitos empresários ambicionavam lucrar mais, o operário era explorado sendo forçado a trabalhar até 15 horas por dia em troca de um salário baixo. Além disso, mulheres e crianças também eram obrigadas a trabalhar para sustentarem suas famílias.

Diante disso, alguns trabalhadores se revoltaram com as péssimas condições de trabalho oferecidas, e começaram a sabotar as máquinas, ficando conhecidos como “os quebradores de máquinas“. Outros movimentos também surgiram nessa época com o objetivo de defender o trabalhador.
O trabalhador em razão deste processo perdeu o conhecimento de todo a técnica de fabricação passando a executar apenas uma etapa.
A Primeira etapa da Revolução Industrial
Entre 1760 a 1860, a Revolução Industrial ficou limitada, primeiramente, à Inglaterra. Houve o aparecimento de indústrias de tecidos de algodão, com o uso do tear mecânico. Nessa época o aprimoramento das máquinas a vapor contribuiu para a continuação da Revolução.

A Segunda Etapa da Revolução Industrial
A segunda etapa ocorreu no período de 1860 a 1900, ao contrário da primeira fase, países como Alemanha, França, Rússia e Itália também se industrializaram. O emprego do aço, a utilização da energia elétrica e dos combustíveis derivados do petróleo, a invenção do motor a explosão, da locomotiva a vapor e o desenvolvimento de produtos químicos foram as principais inovações desse período.
A Terceira Etapa da Revolução Industrial
Alguns historiadores têm considerado os avanços tecnológicos do século XX e XXI como a terceira etapa da Revolução Industrial. O computador, o fax, a engenharia genética, o celular seriam algumas das inovações dessa época.

terça-feira, 12 de junho de 2012

As Grandes Nacegações

Navegações portuguesas, pioneirismo português, Vasco da Gama e a chegada às Índias, instrumentos de navegação, bússola, astrolábio, descobrimentos marítimos, viagem de Cristovão Colombo, viagem de Pedro Álvares Cabral, Escola de Sagres e as Caravelas.


Caravela Portuguesa da Época das Grandes Navegações

Introdução

Durante os séculos XV e XVI, os europeus, principalmente portugueses e espanhóis, lançaram-se nos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico com dois objetivos principais : descobrir uma nova rota marítima para as Índias e encontrar novas terras. Este período ficou conhecido como a Era das Grandes Navegações e Descobrimentos Marítimos.

Os objetivos

No século XV, os países europeus que quisessem comprar especiarias (pimenta, açafrão, gengibre, canela e outros temperos), tinham que recorrer aos comerciantes de Veneza ou Gênova, que possuíam o monopólio destes produtos. Com acesso aos mercados orientais - Índia era o principal - os burgueses italianos cobravam preços exorbitantes pelas especiarias do oriente. O canal de comunicação e transporte de mercadorias vindas do oriente era o Mar Mediterrâneo, dominado pelos italianos. Encontrar um novo caminho para as Índias era uma tarefa difícil, porém muito desejada. Portugal e Espanha desejavam muito ter acesso direto às fontes orientais, para poderem também lucrar com este interessante comércio.

Um outro fator importante, que estimulou as navegações nesta época, era a necessidade dos europeus de conquistarem novas terras. Eles queriam isso para poder obter matérias-primas, metais preciosos e produtos não encontrados na Europa. Até mesmo a Igreja Católica estava interessada neste empreendimento, pois, significaria novos fiéis.

Os reis também estavam interessados, tanto que financiaram grande parte dos empreendimentos marítimos, pois com o aumento do comércio, poderiam também aumentar a arrecadação de impostos para os seus reinos. Mais dinheiro significaria mais poder para os reis absolutistas da época (saiba mais em absolutismo e mercantilismo).

Pioneirismo português

Portugal foi o pioneiro nas navegações dos séculos XV e XVI devido a uma série de condições encontradas neste país ibérico. A grande experiência em navegações, principalmente da pesca de bacalhau, ajudou muito Portugal. As caravelas, principal meio de transporte marítimo e comercial do período, eram desenvolvidas com qualidade superior à de outras nações. Portugal contou com uma quantidade significativa de investimentos de capital vindos da burguesia e também da nobreza, interessadas nos lucros que este negócio poderia gerar. Neste país também houve a preocupação com os estudos náuticos, pois os portugueses chegaram a criar até mesmo uma centro de estudos : A Escola de Sagres.

Planejamento das Navegações

Navegar nos séculos XV e XVI era uma tarefa muito arriscada, principalmente quando se tratava de mares desconhecidos. Era muito comum o medo gerado pela falta de conhecimento e pela imaginação da época. Muitos acreditavam que o mar pudesse ser habitado por monstros, enquanto outros tinham uma visão da terra como algo plano e , portanto, ao navegar para o "fim" a caravela poderia cair num grande abismo.
Dentro deste contexto, planejar a viagem era de extrema importância. Os europeus contavam com alguns instrumentos de navegação como, por exemplo: a bússola, o astrolábio e a balestilha. Estes dois últimos utilizavam a localização dos astros como pontos de referência.
Também era necessário utilizar um meio de transporte rápido e resistente. As caravelas cumpriam tais objetivos, embora ocorressem naufrágios e acidentes. As caravelas eram capazes de transportar grandes quantidades de mercadorias e homens. Numa navegação participavam marinheiros, soldados, padres, ajudantes, médicos e até mesmo um escrivão para anotar tudo o que acontecia durantes as viagens.

Navegações portuguesas e os descobrimentos

No ano de 1498, Portugal realiza uma das mais importantes navegações: é a chegada das caravelas, comandadas por Vasco da Gama às Índias. Navegando ao redor do continente africano, Vasco da Gama chegou à Calicute e pôde desfrutar de todos os benefícios do comércio direto com o oriente. Ao retornar para Portugal, as caravelas portuguesas, carregadas de especiarias, renderam lucros fabulosos aos lusitanos.
Outro importante feito foi a chegada das caravelas de Cabral ao litoral brasileiro, em abril de 1500. Após fazer um reconhecimento da terra "descoberta", Cabral continuou o percurso em direção às Índias.
Em função destes acontecimentos, Portugal tornou-se a principal potência econômica da época.

Navegações Espanholas

A Espanha também se destacou nas conquistas marítimas deste período, tornando-se, ao lado de Portugal, uma grande potência. Enquanto os portugueses navegaram para as Índias contornando a África, os espanhóis optaram por um outro caminho. O genovês Cristovão Colombo, financiado pela Espanha, pretendia chegar às Índias, navegando na direção oeste. Em 1492, as caravelas espanholas partiram rumo ao oriente navegando pelo Oceano Atlântico. Colombo tinha o conhecimento de que nosso planeta era redondo, porém desconhecia a existência do continente americano. Chegou em 12 de outubro de 1492 nas ilhas da América Central, sem saber que tinha atingido um novo continente. Foi somente anos mais tarde que o navegador Américo Vespúcio identificou aquelas terras como sendo um continente ainda não conhecido dos europeus. Em contato com os índios da América ( maias, incas e astecas ), os espanhóis começaram um processo de exploração destes povos, interessados na grande quantidade de ouro. Além de retirar as riquezas dos indígenas americanos, os espanhóis destruíram suas culturas.

Guerra dos Farrapos

Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha são os nomes pelos quais ficou conhecida a revolução ou guerra regional, de caráter republicano, contra o governo imperial do Brasil, na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul, e que resultou na declaração de independência da província como estado republicano, dando origem à República Rio-Grandense. Estendeu-se de 20 de setembro de 1835 a 1° de março de 1845 A revolução, de caráter separatista, influenciou movimentos que ocorreram em outras províncias brasileiras: irradiando influência para a Revolução Liberal que viria a ocorrer em São Paulo em 1842 e para a Revolta denominada Sabinada na Bahia em 1837, ambas de ideologia do Partido Liberal da época. Inspirou-se na recém findada guerra de independência do Uruguai, mantendo conexões com a nova república do Rio da Prata, além de províncias independentes argentinas, como Corrientes e Santa Fé. Chegou a expandir-se à costa brasileira, em Laguna, com a proclamação da República Juliana e ao planalto catarinense de Lages.

Teve como líderes: general Bento Gonçalves, general Neto, coronel Onofre Pires, coronel Lucas de Oliveira, deputado Vicente da Fontoura, Pedro Boticário, general Davi Canabarro, coronel Corte Real, coronel Teixeira Nunes, coronel Domingos de Almeida, major Vicente Ferrer de Almeida,coronel Domingos Crescêncio de Carvalho, general José Mariano de Mattos, general Gomes Jardim, além de receber inspiração ideológica de italianos da Carbonária refugiados, como o cientista e tenente Tito Lívio Zambeccari e o jornalista Luigi Rossetti, além do capitão Giuseppe Garibaldi, que embora não pertencesse a carbonária, esteve envolvido em movimentos republicanos na Itália.

A questão da abolição da escravatura também esteve envolvida, organizando-se exércitos contando com homens negros que aspiravam à liberdade. Os Farrapos Farrapos ou farroupilhas foram chamados todos os que se revoltaram contra o governo imperial, e que culminou com a Proclamação da República Rio-Grandense. Era termo considerado originalmente pejorativo, já utilizado pelo menos uma década antes da Guerra dos Farrapos para designar os sul-rio-grandenses vinculados ao Partido Liberal, oposicionistas e radicais ao governo central, destacando-se os chamados jurujubas. O termo, oriundo do parlamento, com o tempo foi adotado pelos próprios revolucionários, de forma semelhante à que ocorreu com os sans-cullotes à época da Revolução Francesa. Seus oponentes imperiais eram por eles chamados de caramurus ou camelos, termo jocoso em geral aplicado aos membros do Partido Restaurador no Parlamento Imperial. Em 1831, no Rio de Janeiro, havia os jornais Jurujuba dos Farroupilhas e Matraca dos Farroupilhas. Em 1832 foi fundado o Partido Farroupilha pelo tenente Luís José dos Reis Alpoim, deportado do Rio para Porto Alegre.

O grupo se encontrava na casa do major João Manuel de Lima e Silva (tio de Luís Alves de Lima e Silva, que viria a ser o Duque de Caxias), casa esta que era sede também da Sociedade Continentino, editora do jornal O Continentino, ferrenho critico ao Império. Em 24 de outubro de 1833, os farroupilhas promoveram um levante contra a instalação da Sociedade Militar em Porto Alegre. Inicialmente, reivindicavam a retirada de todos os portugueses que se mantinham nos mais altos cargos do Império e do Exército, mesmo depois da Independência, respaldados pelo Partido Restaurador ou caramuru. Os caramurus almejavam a volta de D. Pedro I ao governo do Brasil. No entanto, é bom notar que entre os farrapos havia os que acreditavam que só tornando suas províncias independentes poderiam obter uma "sociedade chula", ou seja, administrada por provincianos.

Havia, portanto, estancieiros, estancieiros-militares, farroupilhas-libertários, militares-libertários, estancieiros-farroupilhas, abolicionistas e escravos que buscavam a liberdade, e assim por diante, numa combinação e interpenetração ideológica sem fim. Inicialmente nem todos eram republicanos e separatistas, mas os acontecimentos e os novos rumos do movimento conduziram a esse desfecho. A maçonaria sulista, tendendo aos ideais republicanos, teve importante papel nos rumos tomados, sendo que muitos dos líderes farroupilhas foram seus adeptos, dentre eles, Bento Gonçalves da Silva, com o codinome Sucre. Bento organizou outras lojas maçônicas no território rio-grandense, o que lhe havia sido permitido desde o ano de 1833. A Revolta Farroupilha No ano de 1835 os ânimos políticos estavam exaltados. O descontentamento de estancieiros, liberais, industriais do charque e militares locais promoviam reuniões em casas de particulares, destacando-se a figura de Bento Gonçalves. Naquele ano foi nomeado como presidente da Província Antônio Rodrigues Fernandes Braga, que chegara ao posto pela indicação de Bento Gonçalves e, apesar de ser rio-grandense, passara tanto tempo servindo o Império na Europa e nos Estados Unidos, logo após seus estudos em Coimbra, que não tinha laços suficientemente sólidos estabelecidos no Rio Grande. Fernandes Braga, apesar de inicialmente ter agradado aos liberais, logo entrou em atrito.


Na sessão inaugural da Assembleia Provincial, perante uma plateia majoritariamente hostil, acusou os liberais extremados de planejarem separar o Rio Grande do Sul do Império e uni-lo ao Uruguai, mencionando Bento Gonçalves e referindo-se também a Lavalleja e ao seu mentor, o indigno Padre Caldas. Houve protestos e contra-protestos em sessões seguidas, Fernandes Braga ainda tentou corrigir-se e apaziguar os ânimos, mas já era tarde demais. Na noite de 18 de setembro de 1835, em uma reunião onde estavam presentes José Mariano de Mattos (um ferrenho separatista), Gomes Jardim (primo de Bento e futuro presidente da República Rio-Grandense), Vicente da Fontoura (farroupilha, mas anti-separatista), Pedro Boticário (fervoroso farroupilha), Paulino da Fontoura (irmão de Vicente, cuja morte seria imputada a Bento Gonçalves, estopim da crise na República), Antônio de Sousa Neto (imperialista e farroupilha, mas que simpatizava com os ideais republicanos) e Domingos José de Almeida (separatista e grande administrador da República), decidiu-se por unanimidade que dentro de dois dias, no dia 20 de setembro de 1835, tomariam militarmente Porto Alegre e destituiriam o presidente provincial Antônio Rodrigues Fernandes Braga. Em várias cidades do interior as milícias foram alertadas para deflagrarem a revolta.


Bento comandava uma tropa reunida em Pedras Brancas, hoje cidade de Guaíba Gomes Jardim e Onofre Pires comandavam os farroupilhas aquartelados, com cerca de 200 homens, no morro da Azenha, o atual cemitério São Miguel e Almas. Também mantinham, no dia 19 de setembro de 1835, um piquete com 30 homens nas imediações da ponte da Azenha, comandado por Manuel Vieira da Rocha, o cabo Rocha, que aguardava o amanhecer do dia 20 para investir, junto com o restante da tropa, contra os muros da vila. Porém Fernandes Braga ouvira alguns boatos e, desconfiado, mandou uma partida de 9 homens sob o comando de José Gordilho de Barbuda Filho, o 2° visconde de Camamu, fazer um reconhecimento durante à noite. Descuidados e inexperientes, os guardas imperiais se deixaram notar e foram atacados pelo piquete republicano e fugiram, resultando 2 mortos e cinco feridos. Um dos feridos, o próprio visconde, sujo e ensanguentado alertou Fernandes Braga da revolta. Eram 11 horas da noite de 19 de setembro de 1835. Fernandes Braga ainda tentou organizar uma resistência e, ao amanhecer, estava junto ao arsenal de guerra, hoje ponta do Gasômetro, tentando reunir homens para a resistência. Porém, até o meio da tarde somente 17 homens se apresentaram para defender a cidade, pois o 8° Batalhão de Caçadores, comandado por João Manuel de Lima e Silva havia se declarado revolucionário. Vendo a escassez de armas e munição, Braga resolveu fugir a bordo da escuna Rio-Grandense, seguido pela canhoneira 19 de Outubro, indo parar em Rio Grande, então maior cidade da Província, não sem antes voltar ao palácio do Governo, pegar alguns documentos e todo o dinheiro dos cofres provinciais. Os farroupilhas adiaram a investida combinada, devido ao inusitado da noite anterior. Somente ao amanhecer o dia 21 de setembro de 1835, chegaram às portas da cidade Bento Gonçalves e os demais comandantes, seguidos por suas respectivas tropas.


Porto Alegre abandonada, sem resistência, entregou-se aos revolucionários. No resto da província apenas alguns focos de resistência em Rio Pardo e São Gabriel, além de Rio Grande, mantinham os farroupilhas ocupados. A Câmara Municipal reuniu-se extraordinariamente para ocupar o cargo de Presidente. Na ausência dos vice-presidentes imediatos, assumiu o quarto vice, Dr. Marciano Pereira Ribeiro.Em 25 de setembro Bento Gonçalves expediu uma carta ao Regente Imperial, padre Diogo Antônio Feijó, explicando os motivos da revolta e solicitando a nomeação de um novo Presidente e comandante das armas. Os revoltosos davam, então, o conflito por encerrado.

Idade Contemporânea

Compreender o mundo contemporâneo do ponto de vista histórico é uma tarefa bastante complicada. Nesse período que se inicia no século XIX e vem até os dias de hoje, o historiador se depara com um fluxo de acontecimentos muito mais intenso do que em qualquer outro momento da História. De fato, tem-se a nítida impressão que a história começa a ficar mais acelerada e a função de refletir sobre os acontecimentos acaba ficando bastante complexa.

Um primeiro fator que explica essa nova configuração tem a ver com o processo de urbanização que se espalha em várias partes do mundo. A concentração de pessoas promove uma ampla cadeia de inflexões na divulgação de informações, na produção de bens de consumo e no próprio ritmo de vida de cada indivíduo. As horas e os dias começam a ser unidades de tempo cada vez mais frágeis, seja em relação ao fluxo de coisas que acontecem ou sob as expectativas do homem para com o futuro.

Além disso, podemos também contabilizar um fator de ordem biológico bastante significativo. O avanço da medicina e o aprimoramento das condições de vida estabeleceram o prolongamento da nossa expectativa de vida. Com isso, o número de pessoas presentes no planeta se avolumou e, consequentemente, o desenvolvimento de ações históricas também sofreu um visível incremento. Isso sem levar em conta o avanço dos meios de comunicação que dinamizam a circulação de tais acontecimentos.

O grande volume de fatos históricos a serem compreendidos na Idade Contemporânea acabou demonstrando um novo lugar para este campo do conhecimento. Com tantas transformações acontecendo, ficou cada vez mais nítido que a função de historiador não tem nada a ver com a elaboração de projeções para o futuro. A ciência histórica fica mais próxima de uma noção de que as formas de se ver o passado são atreladas aos valores do tempo presente.

Com isso, mesmo com a modernização na fabricação e no armazenamento de informações, o estudo dos fatos contemporâneos não se mostra cristalizados ou presos aos grandes nomes, instituições e datas. O historiador ou o simples amante de História se transforma em um intérprete da cultura que vagueia pelo passado fundando outras possibilidades de compreendê-lo e, ao mesmo tempo, no modo de olhar o seu mundo. Sendo assim, como definimos a Idade Contemporânea? Apenas o tempo irá dizer.

Idade Moderna





Ao pensar em modernidade, muitas pessoas logo imaginam que estamos fazendo referência aos acontecimentos, instituições e formas de agir presente no Mundo Contemporâneo. De fato, esse termo se transformou em palavra fácil para muitos daqueles que tentam definir em uma única palavra o mundo que vivemos. Contudo, não podemos pensar que esse contexto mais dinâmico e mutante surgiu do nada, que não possua uma historicidade.

Entre os séculos XVI e XVIII, um volume extraordinário de transformações estabeleceu uma nova percepção de mundo, que ainda pulsa em nossos tempos. Encurtar distâncias, desvendar a natureza, lançar em mares nunca antes navegados foram apenas uma das poucas realizações que definem esse período histórico. De fato, as percepções do tempo e do espaço, antes tão extensas e progressivas, ganharam uma sensação mais intensa e volátil.

O processo de formação das monarquias nacionais pode ser um dos mais interessantes exemplos que nos revela tal feição. Nesse curto espaço de quase quatro séculos, os reis europeus assistiram a consumação de seu poder hegemônico, bem como experimentaram as várias revoluções liberais defensoras da divisão do poder político e da ampliação dos meios de intervenção política. Tronos e parlamentos fizeram uma curiosa ciranda em apenas um piscar de olhos.

Além disso, se hoje tanto se fala em tecnologia e globalização, não podemos refutar a ligação intrínseca entre esses dois fenômenos e a Idade Moderna. O advento das Grandes Navegações, além de contribuir para o acúmulo de capitais na Europa, também foi importante para que a dinâmica de um comércio de natureza intercontinental viesse a acontecer. Com isso, as ações econômicas tomadas em um lugar passariam a repercutir em outras parcelas do planeta.

No século XVIII, o espírito investigativo dos cientistas e filósofos iluministas catapultou a busca pelo conhecimento em patamares nunca antes observados. Não por acaso, o desenvolvimento de novas máquinas e instrumentos desenvolveram em território britânico o advento da Revolução Industrial. Em pouco tempo, a mentalidade econômica de empresários, consumidores, operários e patrões fixaram mudanças que são sentidas até nos dias de hoje.

Em um primeiro olhar, a Idade Moderna pode parecer um tanto confusa por conta da fluidez dos vários fatos históricos que se afixam e, logo em seguida, se reconfiguram. Apesar disso, dialogando com eventos mais específicos, é possível balizar as medidas que fazem essa ponte entre os tempos contemporâneo e moderno. Basta contar com um pouco do tempo... Aquele mesmo que parece ser tão volátil nesse instigante período histórico.

Idade Média





Quando falamos em Idade Média, é quase impossível não se lembrar daquela antiga definição que costuma designar esse período histórico como sendo a “idade das trevas”. Geralmente, este tipo de conceituação pretende atrelar uma perspectiva negativista ao tempo medieval, como sendo uma experiência de pouco valor e que em nada pôde acrescer ao “desenvolvimento” dos homens.

Para entendermos tamanha depreciação, é necessário que investiguemos os responsáveis pela crítica à Idade Média. Foi durante o Renascimento, movimento intelectual do período Moderno, que observamos a progressiva consolidação desta visão histórica. Para os renascentistas, o expresso fervor religioso dos medievais representou um grave retrocesso para a ciência.

Seguindo esta linha de pensamento, vemos que a Idade Média é simplificada à condição de mero oposto aos ditames e valores que dominaram a civilização greco-romana. Não por acaso, os renascentistas se colocavam na posição de sujeitos que se deram o trabalho de “sequenciar” o conjunto de traços culturais, estéticos e científicos que foram primados na Antiguidade Clássica e “melancolicamente” abandonados entre os séculos V e XV.

Entretanto, um breve e mais atento olhar ao mundo medieval nos revela que estas considerações estão distantes dos vários acontecimentos dessa época. Afinal de contas, se estivessem vivendo nas “trevas”, como seriam os medievais os responsáveis pela criação das primeiras universidades? Essa seria apenas uma primeira questão que pode colocar a Idade Média sob outra perspectiva, mais coerente e despida dos vários preconceitos perpetuados desde a Idade Moderna.

O desenvolvimento da cultura cristã, as heresias, as peculiaridades de um contexto político descentralizado, a percepção do tempo no interior dos feudos, as festas carnavalescas são apenas um dos temas que podem revelar claramente que esse vasto período histórico é bem mais complexo e interessante. Ainda há tempo para que estas e outras luzes permitam a reconstrução que os tempos medievais, de forma bastante justa, merecem.

Idade Antiga





Quando adentramos o estudo da Antiguidade ou Idade Antiga, é bastante comum ouvir dizer que esse período histórico é marcado pelo surgimento das primeiras civilizações. Geralmente, ao adotarmos a expressão “civilização” promove-se uma terrível confusão que coloca os povos dessa época em uma condição superior se comparados às outras culturas do mesmo período.

Na verdade, a existência de uma civilização não tem nada a ver com essa equivocada ideia de que exista um povo “melhor” ou “mais evoluído” que os demais. O surgimento das primeiras civilizações simplesmente demarca a existência de uma série de características específicas. Em geral, uma civilização se forma quando apontamos a existência de instituições políticas complexas, uma hierarquia social diversificada e de outros sistemas e convenções que se aplicam largamente a uma população.

Ao contrário do que se possa imaginar, não podemos apontar uma localidade específica onde encontremos a formação das primeiras civilizações da história. O processo de fixação e desenvolvimento das relações sociais aconteceu simultaneamente em várias regiões e foi marcado pelo contato entre civilizações, bem como a incorporação de duas ou mais culturas na formação de outra civilização.

Reportando-se ao Mundo Oriental, podemos assinalar o desenvolvimento das milenares civilizações chinesa e indiana. Partindo mais a oeste, localizamos a formação da civilização egípcia e dos vários povos que dominaram a região Mesopotâmica, localizada nas proximidades dos rios Tigre e Eufrates. Também conhecidas como civilizações hidráulicas, essas culturas agruparam largas populações que sobreviviam da exploração das águas e terras férteis presentes na beira dos rios.

Na parte ocidental do planeta, costuma-se dar amplo destaque ao surgimento da civilização greco-romana. O prestígio dado a gregos e romanos justifica-se pela forte e visível influência que estes povos tiveram na formação dos vários conceitos, instituições e costumes que permeiam o Ocidente como um todo. Contudo, não podemos também deixar de dar o devido destaque aos maias, astecas, incas e olmecas que surgem no continente americano.

Sem dúvida, o estudo das civilizações antigas se mostra importante para que possamos entender melhor sobre as várias feições que a nossa cultura assume atualmente. Contudo, sob outro ponto de vista, o estudo da Antiguidade também abre caminho para que possamos contrapor os valores e parâmetros que um dia foram comuns a alguns homens e hoje se mostram tão distantes do que vivemos. É praticamente infinito o leque de saberes que se aplica a esse período histórico.

Pré-História

O homem pré-histórico estabeleceu uma rica gama de experiências e saberes.







Qual é a primeira ideia que surge na nossa cabeça quando nos deparamos com o prefixo “pré”? Geralmente, acreditamos que este recurso da língua tem como função apontar para algum período ou momento que antecede a existência ou realização de algo. Partindo desse pressuposto, quando observamos o termo “pré-história”, somos levados a crer na existência de um tempo que foi justamente anterior à História.

Mas realmente houve uma época em que a “História” simplesmente não existiu? Se partirmos da ideia de que estudamos a história dos homens, deveríamos compreender então que a “Pré-História” faz menção a todos os acontecimentos, experiências e fatos que são anteriores à própria existência humana. Contudo, ao abrimos o livro didático, observamos a estranha presença dos “homens pré-históricos” nesse período que se inicia há cerca de 2 milhões de anos e vai até 5000 a.C..

Para compreendermos esta divergência, devemos levar em conta que as formas de se organizar o passado são múltiplas. No nosso caso, muitos dos livros de história adotam as convenções de uma periodização estabelecida no século XIX. Para os historiadores daquela época, só era possível reconhecer ou estudar o passado através do manuseio de fontes escritas. Por isso, a “Pré-história”, na visão destes estudiosos, abarca toda a experiência do homem anterior ao desenvolvimento da escrita.

Atualmente, com a transformação dos sentidos da ciência histórica, sabemos que os homens pré-históricos não podem ser arbitrariamente excluídos da “História”. Por meio dos vestígios materiais, pinturas e outras manifestações, vários historiadores se lançam ao instigante desafio de relatar sobre o passado dos homens que viveram há milhares de anos. Ao contrário do que muitos pensam, estes não eram simples versões mais próximas dos primatas ancestrais.

Nesse diversificado período, podemos observar a luta travada pelos primeiros homens em seu processo de adaptação às hostilidades impostas pela natureza. Ao longo desse processo de dominação, também é possível ver que estes sujeitos da história não estavam somente preocupados em garantir a sua sobrevivência. Por meio da pintura rupestre, podemos dialogar com os comportamentos, valores e crenças que surgem nesse remoto tempo.

Sem dúvida, as restrições e a limitação das fontes disponíveis dificultam bastante a compreensão do tempo pré-histórico. Entretanto, mesmo com o pouco que nos chega, podemos ver que o conceito elaborado no século XIX está bastante afastado de todo o conhecimento que essa época pode oferecer. Com isso, apesar dos problemas com seu nome, podemos afirmar que a pré-história esteve mais presente na História do que nunca.

Renascimento - História do Renascimento

Renascimento, período da história européia caracterizado por um renovado interesse pelo passado greco-romano clássico, especialmente pela sua arte. O Renascimento começou na Itália, no século XIV, e difundiu-se por toda a Europa, durante os séculos XV e XVI.

A fragmentada sociedade feudal da Idade Média transformou-se em uma sociedade dominada, progressivamente, por instituições políticas centralizadas, com uma economia urbana e mercantil, em que floresceu o mecenato da educação, das artes e da música.

O termo “Renascimento” foi empregado pela primeira vez em 1855, pelo históriador francês Jules Michelet, para referir-se ao “descobrimento do Mundo e do homem” no século XVI. O historiador suíço Jakob Burckhardt ampliou este conceito em sua obra A civilização do renascimento italiano (1860), definindo essa época como o renascimento da humanidade e da consciência moderna, após um longo período de decadência.

O Renascimento italiano foi, sobretudo, um fenômeno urbano, produto das cidades que floresceram no centro e no norte da Itália, como Florença, Ferrara, Milão e Veneza, resultado de um período de grande expansão econômica e demográfica dos séculos XII e XIII.

Uma das mais significativas rupturas renascentistas com as tradições medievais verifica-se no campo da história. A visão renascentista da história possuía três partes: a Antigüidade, a Idade Média e a Idade de Ouro ou Renascimento, que estava começando.

A idéia renascentista do humanismo pressupunha uma outra ruptura cultural com a tradição medieval. Redescobriram-se os Diálogos de Platão, os textos históricos de Heródoto e Tucídides e as obras dos dramaturgos e poetas gregos. O estudo da literatura antiga, da história e da filosofia moral tinha por objetivo criar seres humanos livres e civilizados, pessoas de requinte e julgamento, cidadãos, mais que apenas sacerdotes e monges.

Os estudos humanísticos e as grandes conquistas artísticas da época foram fomentadas e apoiadas economicamente por grandes famílias como os Medici, em Florença; os Este, em Ferrara; os Sforza, em Milão; os Gonzaga, em Mântua; os duques de Urbino; os Dogos, em Veneza; e o Papado, em Roma.

No campo das belas-artes, a ruptura definitiva com a tradição medieval teve lugar em Florença, por volta de 1420, quando a arte renascentista alcançou o conceito científico da perspectiva linear, que possibilitou a representação tridimensional do espaço, de forma convincente, numa superfície plana.

Os ideais renascentistas de harmonia e proporção conheceram o apogeu nas obras de Rafael, Leonardo da Vinci e Michelangelo, durante o século XVI.

Houve também progressos na medicina e anatomia, especialmente após a tradução, nos séculos XV e XVI, de inúmeros trabalhos de Hipócrates e Galeno. Entre os avanços realizados, destacam-se a inovadora astronomia de Nicolau Copérnico, Tycho Brahe e Johannes Kepler. A geografia se transformou graças aos conhecimentos empíricos adquiridos através das explorações e dos descobrimentos de novos continentes e pelas primeiras traduções das obras de Ptolomeu e Estrabão.

No campo da tecnologia, a invenção da imprensa, no século XV, revolucionou a difusão dos conhecimentos e o uso da pólvora transformou as táticas militares, entre os anos de 1450 e 1550.

No campo do direito, procurou-se substituir o abstrato método dialético dos juristas medievais por uma interpretação filológica e histórica das fontes do direito romano. Os renascentistas afirmaram que a missão central do governante era manter a segurança e a paz. Maquiavel sustentava que a virtú (a força criativa) do governante era a chave para a manutenção da sua posição e o bem-estar dos súditos.

O clero renascentista ajustou seu comportamento à ética e aos costumes de uma sociedade laica. As atividades dos papas, cardeais e bispos somente se diferenciavam das usuais entre os mercadores e políticos da época. Ao mesmo tempo, a cristandade manteve-se como um elemento vital e essencial da cultura renascentista. A aproximação humanista com a teologia e as Escrituras é observada tanto no poeta italiano Petrarca como no holandês Erasmo de Rotterdam, fato que gerou um poderoso impacto entre os católicos e protestantes.